terça-feira, 18 de setembro de 2012

A Rosa

Ando sem rumo.
Por vezes invento caminhos, atalhos, rotas de fuga...
Mas continuo perdido.

Só o olhar a relva me entretém.
Mesmo a vendo turva, com uma miopia quase cega.
Mas uma rosa fez notar-se em meio ao emaranhado de cores.
O vermelho das pétalas gritava com uma nitidez absurda.
Não podia continuar, precisava senti-la.
De perto, seu cheiro me brilhava os olhos.
E de repente a vida nascera de novo em mim.
Os caminhos já não me importavam mais.
Precisava toca-la.
No ímpeto da vontade um espinho me rasga a mão.
Era uma rosa confusa.
Já não sabia se era pétala ou espinho.
Iludia-se com o perfume que inventava,
Mas ouriçava-se com o cheiro de realidade.
De mim, fica só o rastro vermelho na beira da estrada.
Dela não sei, não fiquei pra saber.
Deve estar suave e perfumada...
Cravando a pele do próximo andarilho.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Boa Noite

Minha alma adormece.
Mais densa do que antes,
Mais vaga do que antes.
A sensação de queda toma conta do meu corpo estático.
Será angústia ou sono?
Minha preguiça de dormir não me deixa descobrir.
Se ao menos angústia tivesse nome...
Já não seria refém do vazio indigente que me pesa o sono da alma.
E em seus sonhos ela grita, esperneia, se rasga,
Mas mesmo assim não acordo.
Ao meio de cada cigarro me pergunto por que acendi.
Não tem a ver com lágrimas,
Não tem a ver com nada.
Talvez com a brisa daquela noite,
Dessas que arrepia os sentidos e te mostra vivo.
A plenitude efêmera de uma vida sem nexo.